31 de março de 2022

A Vida

 

A vida,

tal qual dança caudalosa de ciclos,

expande memórias,

e reverencia minha ancestralidade,

num resgate semiótico,

de cada história.

 

Esperei por vezes,

gratas surpresas,

agasalhadas em celofane

e trançadas em horizontes.

 

Já abreviei caminhos,

já estilhacei apreços,

por acreditar na proximidade,

de milagres e recomeços.

 

Eu não estive só,

mas bebi,

rouca e inerte,

no cálice da solidão.

 

Sigo, por vezes, calada,

adornada de loquaz verniz.

Alternando períodos,

Simples ou compostos,

Vibrando, sempre,

a emoção de uma aprendiz.



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

25 de março de 2022

A Tia Malê

 A Tia Malê

Muitas férias, passamos no apartamento dos meus avós, na Vila Mariana em São Paulo, onde moravam, desde 1973, meus tios Lourenço, Luís, Malê e meus avós paternos, Carmen e Aníbal.
O lugar era mágico.
A tia Malê, gentilmente, acomodava eu e a Valéria no seu quarto.
Minha tia saía para trabalhar na Themag, lindíssima, desfilando plena com sapatos e sandálias de plataformas e saltos altos. Na verdade, eu os via sempre no superlativo: altíssimos.
Malê, é seu apelido. Seu nome é Maria Helena.
Vovó ficava com a gente e fazia comidas irresistíveis. Em dia de Natal ela fazia Escartelates e os banhava com mel. Uma verdadeira Chef da Gastronomia Italiana, constatei muitos anos depois.
Lá eu descobri a música popular brasileira, no final dos anos 70. Meus tios tinham uma coleção de discos de vinil , um aparelho de som “moderno” e eu passava o dia ouvindo Gal Costa, Caetano, Maria Bethânia, Simone e tantos outros. Esse cenário, me impactou profundamente e delineou as nuances da minha apreciação pela arte. Tio Lourenço, um cara do bem, espirituoso e o tio Luís me treinou para cantar a música “A Volta do Boêmio”, quando eu tinha apenas oito anos e em dia de festa, ele pedia para eu cantar para seus amigos, uma espécie de “atração cultural mirim”. Tio Luís era alegria em pessoa, mas nos deixou precocemente.
No quarto da minha tia, havia uma penteadeira, onde eu ficava horas e horas, explorando as cores fascinantes dos seus batons e blushes. Naquele lugar incrível, eu passava rímel nos cílios e modelava-os com curvex, um acessório que conheci ali. A paleta de sombras, era tão atraente, que eu passava uma cor por dia nos olhos. Eu lavava os cabelos quase todos os dias, só para usar o secador e as escovas modeladoras, uma novidade para mim. Depois que eu estava pronta, maquiada e com os sapatos de saltos altos da Tia Malê, meu pai dizia para eu lavar todo o rosto e tirar aquela maquiagem, porque eu era, apenas, uma criança de 8 anos. Sério mesmo? Mas no dia seguinte, começava tudo outra vez!
Aquela penteadeira, para mim, era um parque de diversões. Não precisava de mais nada, tantas eram as possibilidades.
Aos finais de semana, minha tia levava todos os sobrinhos, uns cinco ou seis na época, Roberto, Andréia, Cláudia, Valéria, eu e Eduardo, ao cinema, ao parque Ibirapuera, com suas infinitas belezas naturais e atividades culturais e a espetáculos de teatro. E com ela conheci, aos 9 anos, a obra de Maria Clara Machado.
A casa da vovó, é uma das minhas melhores memórias afetivas!
Minha tia era nossa musa inspiradora. Nos apresentou a moda, a música, o cinema, o teatro, a literatura e o entretenimento!
E continua nos inspirando com sua energia e alegria contagiante. Este ano, serão os festejos pelos seus setenta anos e estamos nos preparando para esse grande acontecimento. Ela mora em Capão Bonito e claro, é a miss da terceira idade e participa de inúmeros eventos.
Tia Malê, gratidão por tudo que me apresentou de bom nessa vida, por todo carinho que você sempre dispensou para nós, seus sobrinhos. Eu a amo. Eternamente



7 de março de 2022

Dia da Mulher

 Mulher,

tão plena, move o mundo,
é viagem pelo horizonte.
É vento, é mar e zelo profundo,
por ser terra, mãe e instante.

(Carmen Eugenio)


8 de março Dia da Mulher!
Carmen Eugenio