24 de dezembro de 2021

Cristo Nasceu!


Cristo Nasceu!
A cada canto da história,
faço uma leitura da sua alma.
Seus olhos,
me entregam imensidões.
Não há como não desejar
aprender todas as suas palavras,
e, em cada letra, viajo pelo seu eu.
Os sons do mundo me remetem
aos seus instantes,
que estão em tudo.
Estão em mim.
Eu o sinto com vagar
e minha existência revela
a propriedade magistral
da sua presença.
Cristo Nasceu! E Ele vive em nós!


5 de dezembro de 2021

Tudo outra vez no Verão

 

O verão chega no fulgor da manhã,

assaz sorridente por janelas envidraçadas.

Um calor de dezembro e abraços fraternos,

se estendem nas horas de tardes molhadas.

 

Os poros se abrem entre sorrisos,

suores perdidos em toque ardente,

o ardor de um sopro que tanto inspira,

a consciência desperta, de um clamor latente.

 

Tudo outra vez no verão,

sem insistir nos mesmos pecados.

O solstício prediz movimentos de luz,

e o sabor de manga, traz sublimes recados.



 

 

4 de dezembro de 2021

Por Toda a Vida

 

Comemoramos novos ciclos e recomeços.

Relembramos juntas, memórias e despedidas.

Razões para celebrar a vida, os encontros,

amizades da infância, alegrias sem medida.

 

Tiramos afagos das nossas histórias,

Colhemos expressões de poesias,

Alguns silêncios surgiram serenos,

Momentos necessários em nossos dias.

 

Palavras sinceras cortavam a noite,

notas de vinho brindavam o presente.

E o tilintar das taças, pulsando gentis,

Anunciavam com graça: Enfim, a gente!



 

 

 


17 de novembro de 2021

Estelar

  

Escrever, é o melhor das minhas horas.

Gentileza que impulsiona profunda devoção,

de vida e entrega, de outorga e ofício,

onde reverencio frases e terna expressão.

 

Observo o fluxo, procuro a vibração da energia.

Um pórtico audaz, anestesia fragmentos de luz,

antecipando eventos, intensos e calorosos,

alinhados à verdade de uma primavera que seduz.

 

Não ouso interpretar tal sacerdócio,

Onde o êxtase consagra-se transcendente.

Sinto a alma florescer sã, lunar, estelar,

solto, então, palavras que pulsam no presente.

 

E assim, sigo, quase que movida por instinto,

e me entrego à prática da licença poética,

como uma cerimônia, juramentada e avassaladora,

que me leva a criar versos e poemas sem métrica.

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

29 de outubro de 2021

VIDAS SECAS

 

Eu preciso falar da seca

Que dilacera os sonhos,

A vida da semente,

A água da nascente.

A seca contada por Graciliano,

que não só destrói o solo

mas torna árido o coração de toda gente.

 

Vidas secas que se entrelaçam,

Se encontram na esperança

dos caminhos sem certezas.

No olhar de cada filho

de semblante desnutrido,

esparramado pelo tempo.

Tormento que arranca a água do chão

e põe escassez na alma, através do vento.



 

 

 

 

 

27 de outubro de 2021

Legenda

 

Procurei legenda que estivesse

à altura de cada conviva da imagem,

um letreiro ou qualquer coisa,

que indicasse no formato:

talentos de alta voltagem

reúnem-se de fato.

Alegria em extrato

Poetas, atores e gestores,

nem precisam de contrato.

Declamação, sonho, fantasia

e era apenas o ensaio,

da Noite da Poesia.

Mas fizemos nosso trato:

Daqui ninguém sai,

Sem o nosso porta-retrato!

(Carmen Eugenio)

A Noite da Poesia será dia 29 de outubro, sexta-feira, 19h no Armazém Cultural! Uma realização da Prefeitura Municipal de Campo Grande, Sectur e Uniao Brasileira de Escritores - MS.



 

24 de setembro de 2021

É Primavera Em Toda Esquina


A primavera coloriu meus quadrantes,

Em um sinestésico crepúsculo carmim

Tramas trazidas, trançadas por encanto,

Espalhadas pelo vento, estrelas-de-anis.

 

Em todas as esquinas, poesias,

setembro de flores, são cores,

serenos espaços, aumentam os laços,

encontros possíveis são doces amores.

 

E na emoção de todo dia,

na invenção de cada eu,

a melodia da primavera inspira,

Tudo aquilo, que ainda não aconteceu.



23 de setembro de 2021

Eu Faço Uma Pequena Oração Para Você

 

Afinal, às vezes tudo se resume

Em uma extraordinária trilha sonora.

E nos vemos dançando no meio da sala,

o eterno soul de Aretha Franklin,

onde ela diz, “eu faço uma pequena oração para você”.


E encostamos no sagrado,

apostamos no milagre da prece,

do pedido, da vida, do amor e da gratidão.

Embalamos novamente nossos sonhos e sorrisos,

e recomeçamos, porque nunca deixamos de acreditar.


Ouça o som do mundo, escute mais as pessoas,

entre em sintonia com seu coração,

e sinta uma alegria única e mágica,

que vibra com a leveza sutil do universo,

a qual deram o nome:

Paz de Espírito.



 

 

 

 

19 de setembro de 2021

CONSTELAÇÃO, O AMOR

 

E em tudo, está o amor,

Desde o orvalho da manhã,

À brisa do arrebol.

No sorriso de uma criança,

no beijo que invade nossa escuridão.

O amor está nas ondas do mar

nas estrelas, no luar.

E assim, o amor está em nós,

Em todo talvez, ou em cada ‘eu te amo’,

Em algo, em tudo, ou quase nada,

Como água, fogo,

como sopro e vento.

O amor é o Todo, a natureza,

Algo de que não se pode fugir,

Algo que se possa fluir,

Algo que se deixe existir,

Ainda que não se possa ter.

Porque o amor

Enquanto flor

Não é posse.

É perfume,

é sentir,

etéreo,

e simples, assim.


(A gente passa a vida procurando fora, o que está dentro da gente...)



 

 

 

28 de agosto de 2021

Sabedoria

A melhor parte da vida, 

é quando a gente chega na estação chamada ‘sabedoria’ e entende ,

 finalmente, 

que as respostas sempre estiveram dentro de nós mesmos. 

E paramos de culpar os outros 

pelas nossas mazelas existenciais . 

E por mágica , elas desaparecem ! 

Aí vem a tão esperada e abençoada, plenitude ! 

É sorte? Não ! É aprendizado contínuo! 

Somos seres humanos em evolução!

Carmen Eugenio



7 de agosto de 2021

Meu Pai

Meu pai é aquele cara 

que sempre esteve ao nosso lado. 

Festa dos pais, festa junina, 

festa dos amigos, aniversários.

Nos levou à escola, ao parque,

ao clube, às baladas.

Dancei com ele a valsa dos quinze anos,

depois ele


me ensinou a dirigir,

me levou à faculdade

e um dia, com um sorriso no rosto

me entregou os diplomas de formatura.

Meu pai me conduziu ao altar

no dia do casamento.

Meu pai me preparou para a Vida,

e eu descobri que a Vida

me deu um super Pai!






28 de julho de 2021

BIOGRAFIA CARMEN EUGENIO

 

Mestranda em Desenvolvimento Local, pela UCDB, Pós-Graduada em Direito e Gestão Pública, Executivo e Legislativo, pela faculdade Insted, bacharel em Direito, pela Universidade Católica Dom Bosco UCDB/ 1996 e professora de Artes pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS/1988.

Desenvolve ações nas áreas de Produção Cultural, Elaboração e Parecer de Projetos, Comunicação, Cerimonial, Relações Púbicas, palestras e Criação de Mídias Sociais.

Foi diretora teatral, compositora, poetisa e violonista desde os sete anos de idade. É Blogueira desde 2009.          Sua trajetória profissional é exercida na Prefeitura de Campo Grande, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, onde ingressou por concurso público para os cargo de Profissional de Cultura, em 1992.           Como gestora pública da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, já esteve à frente das divisões de Literatura, Comunicação, Fomento, Cerimonial e Etnias tendo escrito e realizado inúmeros projetos culturais para a cidade de Campo Grande.             Pelo conjunto de seu trabalho, já recebeu as seguintes homenagens: “Medalha Cultura da Paz” – outorgada pela Câmara Municipal de Campo Grande em 2019; Moções de Congratulações pela publicação de seu primeiro livro "Escartelate" e pela autoria do projeto "Encontro de Etnias", outorgadas pelo ilustre amigo e parlamentar Otávio Trad; Moção de Congratulação pela sua trajetória profissional pelo amigo e vereador Professor Riverton e Projeto "Mulheres Inspiradoras da Cidade Morena", da Escola Municipal Governador Harry Amorim Costa, em 2020.               Publicou seu primeiro livro de poesias "Escartelate", em 2021 e em 2023, lançou o livro de poemas e crônicas Estrela do Ócio. Ocupa a cadeira de número 28 na Academia de Letras do Brasil-CG e cadeira de número 23 na Academia Luso-Brasileira de Artes e Poesias. Filiada à União Brasileira de Escritores - MS.

Em 25 de agosto de 2022, recebeu o Título de Cidadã Campo-Grandense, (decreto nº 2.806 de 12 de julho de 2022, publicado no diário oficial nº 6.706, de 14 de julho de 2022),por indicação do vereador Otávio Trad. Currículo completo no SMIIC - Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais, Agente Cultural nº1966.

file:///C:/Users/carme/OneDrive/Desktop/CARMEN/CURR%C3%8DCULO%20ATUALIZADO%20CARMEN%20EUGENIO.pdf







 

 

 

4 de julho de 2021

Dialetos de Inverno

 

O inverno rompe de jeito intenso,

carinho cortês, notável e devasso,

dialeto secreto que excede limites,

calor velado e pulsante, sela o abraço.

 

Narrativas cerradas debruçam precisas,

Tingem minha face de rubro escarlate,

Transigem arroubos, enunciam a estética,

Despem olhares e idílio, como arremate.

 

Versos quentes despontam apressados,

Agasalham, sobejos, o frio da solidão.

Delírios absolutos, movem-se em fascínio,

Prescindem, categóricos, os que aqui estão.


20 de junho de 2021

A Moça Com Brinco de Pérola


 

A Moça Com Brinco de Pérola,

De olhar e mistério profundo,

Uma das obras Barrocas,

mais famosas do mundo.

 

Lápis lazúli em seu lenço,

Forma, sombra e luz,

Revelam seu drama cotidiano,

Contornos que a pintura traduz.

 

A obra encontra-se na Holanda

e Vermeer, assina a criação.

E assim, a arte permeia a história,

e os rumos estéticos de sua feição.



 


15 de junho de 2021

A Heroína Cansada

 

Quase não consigo começar esse poema.

Já estava cansada.

Cansada de ser positiva

Super profissional

Super mulher

Super mãe

Super irmã

Super sei lá o quê.

 

Me deixem com meus defeitos,

Minhas hesitações

Minhas inquietações

Meus próprios infinitos.

 

E ouvir recomendações para preenchimentos,

Ácidos, botox e harmonizações faciais,

Que às vezes acho até deformações.

Isso me cansa.

 

Ser tão sensata,

Tão correta,

Tão inteira,

Às vezes, cansa.

 

Não sei direito se estou bem,

Mas me sinto plena.

Tento.

Just for Today

 


13 de junho de 2021

Licença Poética

E por achar-me assim,

meio louca

meio santa,

É que sigo acreditando,

que amarei até o fim.

Sem medos, nem arrependimentos,

Sem as respostas que não teve de mim.

Sem o tempo que escorreu pelos anos,

vagando entre o profano,

dos prováveis desenganos.

 

Detalhes sem proveito,

Que não apartam nossa retina.

Lembrei-me daquela rotina,

ouvindo Espanhola no rádio.

Guarabira entenderia

o quanto eu amaria

mesmo sem os instantes,

que te fizeram raro.

 

Peço à licença poética,

seja cúmplice de tal relato

por ostentar a intensidade,

bendizendo o amor de fato.

 

Às avessas de zelo profundo

e distante de tal arrebatamento,

percorro intuição manifesta,

abrigada em brioso lamento.



9 de junho de 2021

LABIRINTO




Percorro um labirinto

Onde as palavras se escondem.
Nem sei como entrei.
Não me preocupo em sair.


Aprecio o inexato,
Abstrato
e o extrato da emoção.
Ainda que não me sobrem respostas
Ou pronomes oportunos
Eu, nós...

Estamos sós,
Caminhando por vogais.


Acredito e coexisto
nos acordes de
ilusões e desejos.


Passaria tudo a limpo,
mas não perderia a intenção dos rascunhos.




7 de junho de 2021

O Momento Ideal

 

O momento ideal

É o que se vive agora.

Sem expectativas extremas,

Sem certezas, sem demora.

 

Pelo melhor momento,

Não paralise seus dias,

Corra riscos calculados,

por fecundas alegrias.

 

Tenha coragem, vá em frente,

Mesmo rente à epiderme vil,

Lídima é a impermanência,

Na insensatez de rude ardil.



 

 

6 de junho de 2021

Letárgica Impressão

Não se assombre

com o porvir eivado,

tragando as horas

da graça, ao desbarrancado.

 

Não se iluda.

Tudo não passa de

Uma letárgica impressão

Oportunista e melancólica.

 

Somos humanos,

Somos falíveis,

Estamos evoluindo.

Somos incríveis.

 

Seja seu guia, o amor,

a flor que drena a dor,

o sol a resplandecer,

o canto do beija-flor,

o orvalho do alvorecer.





 


Jânio Quadros

 


Recebi do caro amigo escritor  Bernardo Schmidt, essa preciosa obra literária de sua autoria : “Jânio, Vida e Morte do Homem da Renúncia”. 

Um livro valioso, com dados riquíssimos, em uma narrativa construída por um intelectual incansável pela pesquisa e pelos detalhes. Estou encantada pela leitura, principalmente, porque fizemos parte da vida pessoal do Dr Jânio. 

Agradeço e congratulo o autor, pelo eminente trabalho.

5 de junho de 2021

Ela, Macabéa

 

De simplicidade comovente,

Macabéa é o retrato

da miséria material,

e da miséria existencial,

implacável e insolente,

que nos arranca

de forma potente,

o insigne verniz social.

 

Macabéa,

em suas fragilidades,

escancarou os preconceitos,

e os signos da marginalidade,

pois carregava sobre si,

o desprezo da sociedade.

 

Na Rádio Relógio,

essa mulher invisível,

inspira sua mente

limitada e rizível.

Uma mulher,

Sem muitos cuidados,

ou qualquer vaidade

mas que trazia no rosto,

alguma suavidade.

 

A datilógrafa com seus sonhos

e tragédias de verdade,

incomodava por lembrar ao mundo,

suas próprias iniquidades.


Alimentava seu corpo

apenas com coca-cola,

e cachorro quente.

Viu definhar sua saúde,

acabou ficando doente.

 

E por andar assim,

desatenta e displicente

terminou por encontrar a morte,

que a fez estrela, tardia,

em dor pungente.







 

 

1 de junho de 2021

Jardim das Epifanias

 

Não escapes

o tempo inteiro,

e não insistas

nesse estranhamento débil,

por toda a vida.

Não há limite

para incoerência do enredo

sem sentido, 

onde o inesperado 

pode acontecer.

E, então, 

a revelação,

o extraordinário

jardim das epifanias.


No bailar lispectoriano,

inclusive o amor,

gravado em turbulência,

denota o perigo

de estar só, 

uma solidão inexorável.

 

Viver é gênero da opulência,

viver é bom.

Viver é um processo,

pode doer,

mas existe o prazer,

infinito e

intumescido,

pela sua intensidade

que transborda,

amiúde.


Para enxergar o belo

em um universo de

conveniências rasas,

existem os detalhes,

que prescindem ao contexto,

descobertos pela hermenêutica

de um fluxo de consciência.


É preciso ultrapassar o óbvio

das utilidades perversas

e inventar alguns paradoxos,

em que a vida não poderá sucumbir.



 

 

 

 

30 de maio de 2021

Está tudo bem

 

Um dia,

Você acorda

Com vontade de mudar o mundo.

Um dia,

Você acorda com vontade de consertar o mundo.

Um dia,

Você acorda com vontade de aceitar o mundo.

Um dia,

Você acorda e ama o mundo,

Do jeito que ele é.

E todo aquele sofrimento, acaba.

E então,

Você entende.

Você faz parte do mundo

E o mundo,

Está dentro de você.

Está tudo bem.




27 de maio de 2021

Suntuoso Desatino

Não foi possível

Acreditar na súplica,

Descortinada e introduzida

em desatino sinestésico,

de um impetuoso

entardecer de verão.

 

Um suntuoso enigma,

Cujo arrebatamento intrépido,

Transgressor e devasso,

Violava qualquer autocontrole.

 

E, enfim, o abandono,

A entrega frenética,

Sem certezas absolutas

nem reflexões céticas.

 


 

 

22 de maio de 2021

Liturgia do Cinzel

No refúgio da liturgia

Ora bronze, ora nada,

A vida traz desafio

e entalhe à jornada.

 

À revelia de cada dor,

Sem o lastro do esteio,

Em inócuo desvario,

o cinzel descerra o veio.

 

Pelas tramas soturnas,

Desprovidas do matiz,

Revela-se a simetria,

De um loquaz aprendiz.



 

 

 

 

 

 

 

17 de maio de 2021

Pôr-do-Sol em Barcelona

 

Essa é a melhor parte.

Pela taça de um Tempranillo,

apreciar pôr-do-sol da primavera.

Perder-se pelo tempo,

Á procura de conchas

cobertas pela areia.

 

O mar mediterrâneo,

não poderia

Conspirar da melhor forma,

Com aquelas notas audíveis,

vindas das ondas espumantes.

 

Risos clandestinos,

águas congelantes

Éramos apenas nós,

Fitando, inebriados,

um dileto ocaso em Barcelona.

 


 

16 de maio de 2021

Mentiras

 

Mentiras

Existem

São óbvias

Repetem-se

Desafiam

Entristecem

Diminuem

Disfarçam

Afastam

Crescem

Insistem

Destroem

Terminam

Encerram. 



 

Benção da Natureza

A magenta me abraça

Com vagar, peremptória,

Na certeza de enlevar

minha alma

em doçura e prazer.

 

Se não fosse

esse contentamento e beleza,

não poderia congratular

minhas histórias,

na nítida, notória, inconteste,

benção da natureza.




 

15 de maio de 2021

Estrela do Ócio

Estaria, tal insígnia,

estrela do ócio,

que floresce, espalha e alenta,

vagueando docemente

pelos jardins em poesia.

 

Um sentimento ardente,

de expressão ávida

e toque cálido,

onde reside o calor,

de velada ousadia.

 

Seus registros,

impressos com certa polidez

em papel carbono,

acalentam os dias,

apesar do sopro,

constante e contumaz,

de um sereno frio de outono.

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

12 de maio de 2021

Contemplação

No caminho entre estradas e becos,

repleto de contemplação,

uma alegria sem intermitências,

alterna versos e solidão.

 

Nessa confluência de ilusão

brotam teorias da vontade,

brindam harpas e arcanjos,

no arranjo da verdade.



 

 

 

 

 

 

Cadência Imaginária


Movimentos,

palavras e ausências.

E a melhor parte da história

é a que não se fala.

No ritmo do irreal,

a imaginação exala.

 

Perder-se entre o céu e o chão.

mera tribulação

sem caminhar pelo óbvio,

da profecia ou tradução.


Nessas parcas cronologias

e interrupções temporais,

o anacrônico vira poesia,

de encontros surreais.



 

 

3 de maio de 2021

Mãe, Minha Proteção

 

Proteção é um dom,

antes do nascimento.

Manta que te aquece

e priva do sofrimento.

 

É palavra que orienta,

abraço longo e afago na dor.

Traz manhãs iluminadas

no cuidado cheio de calor.

 

Beijo na face,

mão estendida,

mãe é anjo,

por Deus escolhida.

 

Faz comida predileta,

Põe roupa quente, cobertor.

Mãe tem leitura de alma,

carinho, ternura e louvor.

 

E encerrando essa homenagem,

manifesta em sentimento profundo,

preciso dizer da sua coragem

e do seu amor, o  mais sublime do mundo.





 


O Olhar Pelo Outro

 

O olhar pelo outro diz muito sobre o ser humano.

O idoso com a visão comprometida e seu o caminhar lento e pessoas com deficiência, têm muita dificuldade de locomoção. Percebo o quanto essas pessoas são invisíveis para muita gente, sem compaixão e algum respeito.

Qualquer obstáculo minúsculo tem proporção muito maior para alguém com mobilidade reduzida. É muita dificuldade.

Observe nossas calçadas. Quantos desafios até para quem não tem problemas. Para quem tem, fica quase impossível transpor buracos, calçadas quebradas, elevadas em razão de raiz de árvores, etc.

E quando estamos nas filas de algum lugar público como supermercados, farmácias, padarias, bancos?

Faça um esforço em olhar mais para as pessoas e suas necessidades. Olhe para os lados. Tenha compaixão pelo próximo. Existem tantos problemas maiores que os nossos. Existe o outro.

Estive imobilizada durante um mês em razão de um pequeno acidente e fiquei impressionada com a falta de respeito das pessoas. Eu estava com o pé engessado, com muleta, andando com muita dificuldade e a maioria das pessoas atravessava na minha frente sem nem olhar. Não fiquei com pena de mim. Fiquei pensando nas pessoas que possuem dificuldades permanentes, que esperam a mínima consideração dos outros. Que são desrespeitadas durante toda a vida. Na farmácia uma mulher passou na minha frente na fila e nos correios, as pessoas ignoraram meu problema. Inclusive os funcionários. Em um mês, não vi ninguém com um olhar de comiseração.

Podemos distribuir atenção e respeito, como forma de afeto e promover a inclusão a partir de um exercício diário de amor ao próximo. Aliás, falando assim, parece que respeito é um favor. Respeito é uma obrigação, existem leis. Mas esse respeito pelo próximo, diz mais sobre nós. O ser humano que respeita o próximo, tem uma nobreza de alma, uma beleza, uma dignidade.

A empatia é um presente diário para o outro mas, principalmente, para nós mesmos.

Estamos aqui para evoluir.




 

 

2 de maio de 2021

O Espectro e a Dialética

Passamos a vida

procurando por respostas,

acreditando em pessoas,

buscando espaços

para expressar nossas verdades.

 

Coexistentes do espectro

que baila pujante

pelo ardil plúmbeo

dos reveses,

incineramos,

diversas vezes,

retóricas condensadas

por qualquer vaidade,

remanescente e tóxica,

em fogueiras intrépidas,

adornadas

por espasmos comoventes

de chamas febris

e faíscas irascíveis,

contundentes e perversas.

 

Trazemos a esperança

compilada em manuscritos,

arrancada de entranhas

seculares e secretas,

que desaguam em

versões e ressureições,

esquecidas entre as brumas,

debruçadas em tórrida

revelia

e trazidas

na alvorada

moldurada

pelo esplendor

do sol nascente.



 

 

 

.

Mate o Ego

Mate o Ego

 

Dome a impetuosidade e

Brevidade de suas emoções.

Para um ser humano inteiro

de consciência plena

que não depende

de outra metade.

 

O equilíbrio dorme

nas profundezas

das razões,

entorpecidas

pela essência

da autoimagem,

de um ego equivocado

e mesquinho.

 

Ouça as pessoas.

Extravie suas opiniões.

Mate o ego

Para emergir

Da angústia e

Resplandecer na

Incoerência das

Convenções reversas

e ajustes insólitos.

 

 



 

Expectativas Sintéticas

Somos traídos,

Dia após dia,

Pelas expectativas

que criamos.

Nos decepcionamos

com pessoas,

por depositar

nossa totalidade

existencial no outro.

Diz respeito

somente a nós mesmos,

a responsabilidade

pelos sentimentos.

 

Sim,

muitas expectativas

são descartáveis.

Posso brindar a Perls,

com a melhor

e mais expressiva,

cepa de Shiraz,

pelo despertar

da consciência

em oração

‘Eu sou eu

Você é você.

Se nos encontrarmos,

Será lindo.

Se não, nada há a fazer.’

E está tudo bem.





 


1 de maio de 2021

Cordel do Artista

Eu vou contar uma história,

Prometo que é verdadeira,

do artista que sentia,

uma paixão a vida inteira.

Fazia de cada verso, parceria

da poesia, companheira.

 

Tinha muitos sonhos,

E sempre os entendia.

Amava estar com gente,

Que de longe o compreendia.

Uma dose de sensatez

E poesia no seu dia.

 

Muito lindo meus amigos

e nos enche de leveza,

Toda alegria que vem da arte,

Nos causa uma certeza.

O inconsciente que floresce,

No gesto e delicadeza

 

Pode cantar e imaginar,

Como viagem pelos trilhos.

Tem em si todas as cores

Os compassos, e os estribilhos.

Todo encanto do mundo,

Orienta e espalha brilhos.

 

A arte que salva,

tão forte, tão pura

acalma e lava a alma,

revigora e traz a cura,

traduz o sentimento,

Dissonante da amargura.