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6 de março de 2010

Et Je Pleuré....

Ano passado, entre alguns casos bizarros (aqui no sentido de esquisito e estranho ) tive um aluno que, quando eu entrava em sala, ele entrava embaixo da minha mesa, ficava 'entocado' e nada o tirava dali. Fiz de tudo, encaminhei à coordenação, chamei o responsável, orei ao Pai, enfim... nada resolvia. O guri 'incorporou' um homem das cavernas, e eu que  não sou psicóloga, toquei o barco. Tem coisas na vida, que a gente consegue resolver e outras que a gente não consegue resolver. E para essas últimas, a minha solução é em primeiro lugar, tentar compreendê-las, se for possível e necessário. Senão, ignorar. Mais simples e menos danoso à nossa saúde. Esqueça. Para que achar que devemos saber, entender e ter o controle sobre tudo? 
O menino que gostava de se esconder embaixo da mesa foi reprovado e está cursando novamente o segundo ano.
Este ano, estamos lá, conhecendo o Traçado Gráfico através da régua...Notei no início do ano, que ele estava participando das aulas. Nem me empolguei...mas esse comportamento manteve-se linear.
Ontem, já no segundo mês de aula, ele estava dominando o uso da régua, entendendo a distância em centímetros, fazendo quadrados, composições, enfim trabalhando, produzindo, querendo aprender e, acreditem, auxiliando os que ainda estavam com dificuldades. Ele veio todo orgulhoso me mostrar o trabalho proposto concluído, e eu fiquei tão emocionada que não contive as lágrimas.
Eu estava diante de uma criança que,  finalmente,  evoluía dentro do processo de ensino-aprendizagem, apesar de todo o contexto de dificuldade familiar, sócio-econômico em que se encontra. O Ensino e a Arte, estavam vencendo todos as dificuldades psico-educacionais daquela criança.
Eu ouvi sua mãe, várias vezes, me contando sobre a dificuldade em criar seus filhos sozinha, em razão do pai ser criminoso e estar em um presídio.
Mas ontem, aquele menino que se escondia embaixo da mesa, sorriu e eu fui testemunha de sua felicidade em superar os próprios limites! Essa emoção, me fez chorar...

25 de fevereiro de 2010

Arte-Educação ... Um Querer Bem

Minha abordagem sobre esse tema será sob a perspectiva histórica, teórica e experimental.
Sinto necessidade de partilhar algumas observações constatadas no cotidiano do exercício da profissão. Boa parte das minhas manhãs laborais têm sido dedicadas a esse fim.
O estudo das Artes tem sido obrigatório no ensino fundamental e ensino médio no Brasil desde 1971 a partir de um acordo oficial MEC-USAID (EUA), que reformulou a Educação Brasileira, estabelecendo os objetivos e o currículo configurado na Lei Federal nº 5692 denominada "Diretrizes e Bases da Educação", uma criação ideológica de educadores norte-americanos.
Antes que eu inicie minhas incursões nesta seara, faz-se mister mencionar a pioneira em arte-educação no Brasil, Ana Mae Barbosa, principal referência no país para o ensino da Arte nas escolas, tendo sido a primeira brasileira com doutorado em Arte-educação, defendido em 1977, na Universidade de Boston e a primeira pesquisadora a se preocupar com a sistematização do ensino de Arte em museus, durante sua gestão como diretora do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo MAC/USP
É autora de diversos livros e artigos fundamentais para o estudo nesta área e em 1987 desenvolveu o primeiro programa educativo em Arte-educação no Brasil, baseado em sua "proposta triangular" para edificar conhecimentos em Arte:
• Contextualização histórica;
• Fazer artístico;
• Apreciação artística.
No universo chamado escola pública, o principal desafio é dirimir impedimentos que atravancam e retardam o avanço da arte-educação, para aproximar a arte dessa realidade social.
Nesse cenário, para mim um laboratório experimental, elencarei óbices do cotidiano.
Uma equação, um desafio, um processo de estreitamento e comunhão de mundos ainda desiguais mas com uma promessa de êxito enquanto acreditar-se na arte como uma linguagem universal.
Eu e minhas alunas: Izabella do 2°ano e Kiohara de Teatro