30 de setembro de 2024

Diálogos Possíveis

 Por favor,

desligue os interruptores ao sair.

Não corra o risco

de encontrar algum espectro,

com intenções desbotadas,

extraviado em algum aposento.

 

Bata a porta devagar,

evitando a rudeza da trava.

Diálogos possíveis,

são os melhores desatinos.

 

Se esforce para submergir,

sincrético e humano,

da cruel veemência

dos detritos da teoria ufana.

 

Ao percorrer essa narrativa sinestésica

e pendurar a ruína dos rótulos,

desperte como um diamante,

ao desprender-se de um passado, 

posto, enfim, distante.


Carmen Eugenio




26 de setembro de 2024

Castelo de Areia


O castelo era de areia,

mas, mesmo frágil,
abrigava uma existência.

Emoções nasciam e
Desmoronavam
Naquele lugar.

Apesar da vulnerabilidade,
Aquela inquietação não cedeu
ao perigo iminente.

E mesmo quando tudo escureceu
Restou um canto incandescente
Que insistia
no recomeçar de cada grão.




Sinapse

 Eu estava longe, muito longe...

Libertada pela anatomia das palavras.


A cadência secular dos instantes,

constante,

me invadia

como o ar do dia.


Meus pensamentos se juntavam
e se dispersavam novamente.


Uma acrobacia insólita
diante de uma
uma estela circunspecta.


Carmen Eugenio






VENTO FORTE TEMPESTADE

Até gosto das tempestades,

lembro-me delas:
tiraram-me da zona de conforto,
obrigaram-me a amadurecer,

Deram-me movimento,

Tornaram-me mais forte.

A tormenta obriga a atitudes.
E às vezes, dói.

Não sei se quero pensar em dor,

Não sei se quero me esquivar do vento forte

ou voar com ele.


Meu verbo é ir.
Vou indo... sempre...

No reverso

Adverso,

Atravesso a tempestade.



Labirinto

 Percorro um labirinto

Onde as palavras se escondem.
Nem sei como entrei.
Não me preocupo em sair.

Aprecio o inexato,
Abstrato
e o extrato da emoção.
Ainda que não me sobrem respostas
Ou pronomes oportunos
Eu, nós...

Estamos sós,
Caminhando por vogais.

Acredito e coexisto
nos acordes de
ilusões e desejos.

Passaria tudo a limpo,
mas não perderia a intenção dos rascunhos.



SIGNO DELEITE

 O amor transborda 

e o entorno fica diferente.

Há cores que cintilam

Sob um olhar reluzente.

 

Tudo brilha

com o deleite do lampejo.

A alma quer ouvir,

sentir novamente a proximidade

que rompe quietudes

e invade mistérios.

 

O ar está mais suave.

As pessoas com seus significados e signos,

agora fazem sentido.

 

E todas as melodias

Transportam para o infinito.

Encantam e transformam

o universo que floresce bendito.





12 de setembro de 2024

P.S. Amor

Observo o jardim

onde espalhei muito de mim

e tudo que sabia do amor,

ainda assim...

Dor.

 

De um lado, cores e imensidões,

de outro, distância e devastação,

arremesso à margem da lembrança,

embate hostil sem perdão.

Solidão.

 

Mesmo percebendo os cantos,

embalo com ternura sua tez,

que me abandona à deriva

sem te ver outra vez.

Ocaso.

 

Nesse afã e contrariedades,

derramados ao caminhar,

procuro devaneios e cometas,

para te convencer devagar.

Sinais.

 

A maré mergulhou no rio,

para longe te arrastou.

Debruço no parapeito do tempo

onde estivemos sem notar o que restou.

Amor.




 

 

 

 

6 de setembro de 2024

AMOR PELA SUA ESSÊNCIA

 

Mesmo atravessando os dias,

essa luz não diminuiria.

Ainda que o sol se escondesse,

sua essência bastaria.

 

A leitura de sua alma,

abraça intenção.

O tempo não causa medo,

quando entendo seu coração.

 

Mil anos neste calendário senil                                

e sua alma eu reconheceria

em meio à cacofonia.

Pela sua essência, me renderia.

 

Cada letra e cada música

amplificam a compreensão.

Com sua essência eu falaria

 em meio à toda confusão.

 

Deixo trechos e vagos recados,

calibrando qualquer conexão,

mas os espelhos e códigos programados,

desabam na contramão.

 

Apenas sua essência brilharia,

diante do caos das incertezas.

Em seus dons e espiritualidade,

cintilam suas maiores belezas.

 

Não brigue, não relute, não odeie.

Há muita presença nessa ausência,

fluindo no matiz de cada música,

e no amor pela sua essência.