29 de maio de 2017

Observatório

Ruíram paredes ao meu redor

e encontrei,

despretensioso

mas relevante,

um observatório permanente.

 

Fragmentos e arestas

permitiram inundar meus pensamentos.

Não há trampolins para mudança de fases

E muita coisa ficou para trás.

Beijos roubados, amores perdidos,

Encontros de elevador,

Monólogos num porão gelado.

 

Talvez, as chances de um abraço,

Aconteçam no vão mágico de um terraço.

 




Uma loucura de Cordel


Vou lhes contar uma história
Prometo que é verdadeira
Uma pessoa que sofria
De tormento a vida inteira
Não sabia o que fazer
Pra fugir dessa doideira

Ela tinha muitos sonhos
Mas nem sempre os entendia
A maioria das pessoas
Nunca a compreendia
Ela apenas precisava
De poesia no seu dia

Que loucura meus amigos
Que nos enche de clareza
Toda atenção que alguém lhe dava
Trazia uma certeza
O inconsciente  floresce
E da pintura vem  leveza

Podia cantar e encantar
Dançar e espalhar brilhos
Tinha em si todas as cores
os compassos e os estribilhos
Todos os sons desse mundo
lhe colocavam sobre os trilhos

É a arte que nos salva
forte, vibrante e pura
inclui a gente e lava a alma
tamanha envergadura
um caminhar confiante
Dissonante de qualquer loucura

Carmen Eugenio