9 de junho de 2021

LABIRINTO




Percorro um labirinto

Onde as palavras se escondem.
Nem sei como entrei.
Não me preocupo em sair.


Aprecio o inexato,
Abstrato
e o extrato da emoção.
Ainda que não me sobrem respostas
Ou pronomes oportunos
Eu, nós...

Estamos sós,
Caminhando por vogais.


Acredito e coexisto
nos acordes de
ilusões e desejos.


Passaria tudo a limpo,
mas não perderia a intenção dos rascunhos.




7 de junho de 2021

O Momento Ideal

 

O momento ideal

É o que se vive agora.

Sem expectativas extremas,

Sem certezas, sem demora.

 

Pelo melhor momento,

Não paralise seus dias,

Corra riscos calculados,

por fecundas alegrias.

 

Tenha coragem, vá em frente,

Mesmo rente à epiderme vil,

Lídima é a impermanência,

Na insensatez de rude ardil.



 

 

6 de junho de 2021

Letárgica Impressão

Não se assombre

com o porvir eivado,

tragando as horas

da graça, ao desbarrancado.

 

Não se iluda.

Tudo não passa de

Uma letárgica impressão

Oportunista e melancólica.

 

Somos humanos,

Somos falíveis,

Estamos evoluindo.

Somos incríveis.

 

Seja seu guia, o amor,

a flor que drena a dor,

o sol a resplandecer,

o canto do beija-flor,

o orvalho do alvorecer.





 


Jânio Quadros

 


Recebi do caro amigo escritor  Bernardo Schmidt, essa preciosa obra literária de sua autoria : “Jânio, Vida e Morte do Homem da Renúncia”. 

Um livro valioso, com dados riquíssimos, em uma narrativa construída por um intelectual incansável pela pesquisa e pelos detalhes. Estou encantada pela leitura, principalmente, porque fizemos parte da vida pessoal do Dr Jânio. 

Agradeço e congratulo o autor, pelo eminente trabalho.

5 de junho de 2021

Ela, Macabéa

 

De simplicidade comovente,

Macabéa é o retrato

da miséria material,

e da miséria existencial,

implacável e insolente,

que nos arranca

de forma potente,

o insigne verniz social.

 

Macabéa,

em suas fragilidades,

escancarou os preconceitos,

e os signos da marginalidade,

pois carregava sobre si,

o desprezo da sociedade.

 

Na Rádio Relógio,

essa mulher invisível,

inspira sua mente

limitada e rizível.

Uma mulher,

Sem muitos cuidados,

ou qualquer vaidade

mas que trazia no rosto,

alguma suavidade.

 

A datilógrafa com seus sonhos

e tragédias de verdade,

incomodava por lembrar ao mundo,

suas próprias iniquidades.


Alimentava seu corpo

apenas com coca-cola,

e cachorro quente.

Viu definhar sua saúde,

acabou ficando doente.

 

E por andar assim,

desatenta e displicente

terminou por encontrar a morte,

que a fez estrela, tardia,

em dor pungente.







 

 

1 de junho de 2021

Jardim das Epifanias

 

Não escapes

o tempo inteiro,

e não insistas

nesse estranhamento débil,

por toda a vida.

Não há limite

para incoerência do enredo

sem sentido, 

onde o inesperado 

pode acontecer.

E, então, 

a revelação,

o extraordinário

jardim das epifanias.


No bailar lispectoriano,

inclusive o amor,

gravado em turbulência,

denota o perigo

de estar só, 

uma solidão inexorável.

 

Viver é gênero da opulência,

viver é bom.

Viver é um processo,

pode doer,

mas existe o prazer,

infinito e

intumescido,

pela sua intensidade

que transborda,

amiúde.


Para enxergar o belo

em um universo de

conveniências rasas,

existem os detalhes,

que prescindem ao contexto,

descobertos pela hermenêutica

de um fluxo de consciência.


É preciso ultrapassar o óbvio

das utilidades perversas

e inventar alguns paradoxos,

em que a vida não poderá sucumbir.



 

 

 

 

30 de maio de 2021

Está tudo bem

 

Um dia,

Você acorda

Com vontade de mudar o mundo.

Um dia,

Você acorda com vontade de consertar o mundo.

Um dia,

Você acorda com vontade de aceitar o mundo.

Um dia,

Você acorda e ama o mundo,

Do jeito que ele é.

E todo aquele sofrimento, acaba.

E então,

Você entende.

Você faz parte do mundo

E o mundo,

Está dentro de você.

Está tudo bem.




27 de maio de 2021

Suntuoso Desatino

Não foi possível

Acreditar na súplica,

Descortinada e introduzida

em desatino sinestésico,

de um impetuoso

entardecer de verão.

 

Um suntuoso enigma,

Cujo arrebatamento intrépido,

Transgressor e devasso,

Violava qualquer autocontrole.

 

E, enfim, o abandono,

A entrega frenética,

Sem certezas absolutas

nem reflexões céticas.

 


 

 

22 de maio de 2021

Liturgia do Cinzel

No refúgio da liturgia

Ora bronze, ora nada,

A vida traz desafio

e entalhe à jornada.

 

À revelia de cada dor,

Sem o lastro do esteio,

Em inócuo desvario,

o cinzel descerra o veio.

 

Pelas tramas soturnas,

Desprovidas do matiz,

Revela-se a simetria,

De um loquaz aprendiz.



 

 

 

 

 

 

 

17 de maio de 2021

Pôr-do-Sol em Barcelona

 

Essa é a melhor parte.

Pela taça de um Tempranillo,

apreciar pôr-do-sol da primavera.

Perder-se pelo tempo,

Á procura de conchas

cobertas pela areia.

 

O mar mediterrâneo,

não poderia

Conspirar da melhor forma,

Com aquelas notas audíveis,

vindas das ondas espumantes.

 

Risos clandestinos,

águas congelantes

Éramos apenas nós,

Fitando, inebriados,

um dileto ocaso em Barcelona.

 


 

16 de maio de 2021

Mentiras

 

Mentiras

Existem

São óbvias

Repetem-se

Desafiam

Entristecem

Diminuem

Disfarçam

Afastam

Crescem

Insistem

Destroem

Terminam

Encerram. 



 

Benção da Natureza

A magenta me abraça

Com vagar, peremptória,

Na certeza de enlevar

minha alma

em doçura e prazer.

 

Se não fosse

esse contentamento e beleza,

não poderia congratular

minhas histórias,

na nítida, notória, inconteste,

benção da natureza.




 

15 de maio de 2021

Estrela do Ócio

Estaria, tal insígnia,

estrela do ócio,

que floresce, espalha e alenta,

vagueando docemente

pelos jardins em poesia.

 

Um sentimento ardente,

de expressão ávida

e toque cálido,

onde reside o calor,

de velada ousadia.

 

Seus registros,

impressos com certa polidez

em papel carbono,

acalentam os dias,

apesar do sopro,

constante e contumaz,

de um sereno frio de outono.