Mulher,
tão plena, move o mundo,é viagem pelo horizonte.
É vento, é mar e zelo profundo,
por ser terra, mãe e instante.
...e nos infinitos das flores e em cada canto deste mundo, passo a compreender melhor as cores que inundam meu abrigo, que enfeitam as esquinas e toda consagração.
Mulher,
tão plena, move o mundo,
O verão chega no fulgor da manhã,
assaz sorridente por janelas envidraçadas.
Um calor de dezembro e abraços fraternos,
se estendem nas horas de tardes molhadas.
Os poros se abrem entre sorrisos,
suores perdidos em toque ardente,
o ardor de um sopro que tanto inspira,
a consciência desperta, de um clamor latente.
Tudo outra vez no verão,
sem insistir nos mesmos pecados.
O solstício prediz movimentos de luz,
e o sabor de manga, traz sublimes recados.
Comemoramos novos ciclos e recomeços.
Relembramos juntas, memórias e despedidas.
Razões para celebrar a vida, os encontros,
amizades da infância, alegrias sem medida.
Tiramos afagos das nossas histórias,
Colhemos expressões de poesias,
Alguns silêncios surgiram serenos,
Momentos necessários em nossos dias.
Palavras sinceras cortavam a noite,
notas de vinho brindavam o presente.
E o tilintar das taças, pulsando gentis,
Anunciavam com graça: Enfim, a gente!
Escrever, é o melhor das minhas horas.
Gentileza que impulsiona profunda devoção,
de vida e entrega, de outorga e ofício,
onde reverencio frases e terna expressão.
Observo o fluxo, procuro a vibração da energia.
Um pórtico audaz, anestesia fragmentos de luz,
antecipando eventos, intensos e calorosos,
alinhados à verdade de uma primavera que seduz.
Não ouso interpretar tal sacerdócio,
Onde o êxtase consagra-se transcendente.
Sinto a alma florescer sã, lunar, estelar,
solto, então, palavras que pulsam no presente.
E assim, sigo, quase que movida por instinto,
e me entrego à prática da licença poética,
como uma cerimônia, juramentada e avassaladora,
que me leva a criar versos e poemas sem métrica.
Eu preciso falar da seca
Que dilacera os sonhos,
A vida da semente,
A água da nascente.
A seca contada por Graciliano,
que não só destrói o solo
mas torna árido o coração
de toda gente.
Vidas secas que se entrelaçam,
Se encontram na esperança
dos caminhos sem certezas.
No olhar de cada filho
de semblante desnutrido,
esparramado pelo tempo.
Tormento que arranca a água do chão
e põe escassez na alma, através do vento.
A primavera coloriu meus quadrantes,
Em um sinestésico crepúsculo carmim
Tramas trazidas, trançadas por encanto,
Espalhadas pelo vento, estrelas-de-anis.
Em todas as esquinas, poesias,
setembro de flores, são cores,
serenos espaços, aumentam os laços,
encontros possíveis são doces amores.
E na emoção de todo dia,
na invenção de cada eu,
a melodia da primavera inspira,
Tudo aquilo, que ainda não aconteceu.