6 de junho de 2021

Letárgica Impressão

Não se assombre

com o porvir eivado,

tragando as horas

da graça, ao desbarrancado.

 

Não se iluda.

Tudo não passa de

Uma letárgica impressão

Oportunista e melancólica.

 

Somos humanos,

Somos falíveis,

Estamos evoluindo.

Somos incríveis.

 

Seja seu guia, o amor,

a flor que drena a dor,

o sol a resplandecer,

o canto do beija-flor,

o orvalho do alvorecer.





 


Jânio Quadros

 


Recebi do caro amigo escritor  Bernardo Schmidt, essa preciosa obra literária de sua autoria : “Jânio, Vida e Morte do Homem da Renúncia”. 

Um livro valioso, com dados riquíssimos, em uma narrativa construída por um intelectual incansável pela pesquisa e pelos detalhes. Estou encantada pela leitura, principalmente, porque fizemos parte da vida pessoal do Dr Jânio. 

Agradeço e congratulo o autor, pelo eminente trabalho.

5 de junho de 2021

Ela, Macabéa

 

De simplicidade comovente,

Macabéa é o retrato

da miséria material,

e da miséria existencial,

implacável e insolente,

que nos arranca

de forma potente,

o insigne verniz social.

 

Macabéa,

em suas fragilidades,

escancarou os preconceitos,

e os signos da marginalidade,

pois carregava sobre si,

o desprezo da sociedade.

 

Na Rádio Relógio,

essa mulher invisível,

inspira sua mente

limitada e rizível.

Uma mulher,

Sem muitos cuidados,

ou qualquer vaidade

mas que trazia no rosto,

alguma suavidade.

 

A datilógrafa com seus sonhos

e tragédias de verdade,

incomodava por lembrar ao mundo,

suas próprias iniquidades.


Alimentava seu corpo

apenas com coca-cola,

e cachorro quente.

Viu definhar sua saúde,

acabou ficando doente.

 

E por andar assim,

desatenta e displicente

terminou por encontrar a morte,

que a fez estrela, tardia,

em dor pungente.







 

 

1 de junho de 2021

Jardim das Epifanias

 

Não escapes

o tempo inteiro,

e não insistas

nesse estranhamento débil,

por toda a vida.

Não há limite

para incoerência do enredo

sem sentido, 

onde o inesperado 

pode acontecer.

E, então, 

a revelação,

o extraordinário

jardim das epifanias.


No bailar lispectoriano,

inclusive o amor,

gravado em turbulência,

denota o perigo

de estar só, 

uma solidão inexorável.

 

Viver é gênero da opulência,

viver é bom.

Viver é um processo,

pode doer,

mas existe o prazer,

infinito e

intumescido,

pela sua intensidade

que transborda,

amiúde.


Para enxergar o belo

em um universo de

conveniências rasas,

existem os detalhes,

que prescindem ao contexto,

descobertos pela hermenêutica

de um fluxo de consciência.


É preciso ultrapassar o óbvio

das utilidades perversas

e inventar alguns paradoxos,

em que a vida não poderá sucumbir.



 

 

 

 

30 de maio de 2021

Está tudo bem

 

Um dia,

Você acorda

Com vontade de mudar o mundo.

Um dia,

Você acorda com vontade de consertar o mundo.

Um dia,

Você acorda com vontade de aceitar o mundo.

Um dia,

Você acorda e ama o mundo,

Do jeito que ele é.

E todo aquele sofrimento, acaba.

E então,

Você entende.

Você faz parte do mundo

E o mundo,

Está dentro de você.

Está tudo bem.




27 de maio de 2021

Suntuoso Desatino

Não foi possível

Acreditar na súplica,

Descortinada e introduzida

em desatino sinestésico,

de um impetuoso

entardecer de verão.

 

Um suntuoso enigma,

Cujo arrebatamento intrépido,

Transgressor e devasso,

Violava qualquer autocontrole.

 

E, enfim, o abandono,

A entrega frenética,

Sem certezas absolutas

nem reflexões céticas.

 


 

 

22 de maio de 2021

Liturgia do Cinzel

No refúgio da liturgia

Ora bronze, ora nada,

A vida traz desafio

e entalhe à jornada.

 

À revelia de cada dor,

Sem o lastro do esteio,

Em inócuo desvario,

o cinzel descerra o veio.

 

Pelas tramas soturnas,

Desprovidas do matiz,

Revela-se a simetria,

De um loquaz aprendiz.